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Contrato de Gaveta: Tudo o Que Você Precisa Saber
O Que é um Contrato de Gaveta?
Definição e Conceito
O contrato de gaveta é um acordo firmado entre duas partes – geralmente comprador e vendedor – sem o devido registro em cartório ou a devida comunicação aos órgãos oficiais. Ele ocorre, por exemplo, quando alguém compra um imóvel e não faz a transferência formal no registro de imóveis, mantendo a propriedade ainda em nome do antigo dono. Em outras palavras, trata-se de um contrato privado, informal, sem validade pública imediata.
Esses contratos costumam ser utilizados por pessoas que, por motivos diversos – como evitar custos com impostos ou dificuldades de crédito – optam por essa alternativa considerada “por fora do sistema”. Embora isso possa parecer vantajoso em alguns casos, a falta de legalização pode resultar em grandes dores de cabeça no futuro.
O nome “contrato de gaveta” vem exatamente da ideia de que esse documento, assinado entre as partes, fica literalmente guardado em uma gaveta, sem registro público. Isso significa que, perante terceiros e instituições, a transação não existe oficialmente, o que acarreta riscos significativos.
Origem do Termo “Contrato de Gaveta”
A expressão “contrato de gaveta” surgiu de forma coloquial, fazendo referência à prática de guardar documentos importantes em gavetas, longe do alcance do conhecimento público. A ideia de que o contrato não tem publicidade e não é oficializado gerou essa nomenclatura popular.
Na prática, o termo se popularizou principalmente nas negociações de imóveis, especialmente na compra de apartamentos em construção ou financiamentos longos. Muita gente fazia esse tipo de contrato com a intenção de repassar o imóvel para outra pessoa antes da quitação total da dívida, sem envolver bancos ou cartórios.
A informalidade é a característica principal, e embora o termo seja amplamente utilizado, ele não aparece em legislações ou códigos formais. No entanto, sua existência é reconhecida na jurisprudência, especialmente quando há provas documentais e testemunhais que comprovem a intenção das partes.
Como Funciona um Contrato de Gaveta na Prática
Partes Envolvidas no Acordo
Normalmente, temos duas partes principais no contrato de gaveta: o vendedor, que possui o bem legalmente em seu nome, e o comprador, que adquire esse bem sem fazer a transferência oficial. Pode haver ainda a figura de um fiador ou testemunhas para reforçar a validade moral do acordo.
Esse tipo de contrato é redigido pelas próprias partes ou por um advogado contratado, descrevendo todas as condições da negociação – como valores, formas de pagamento, obrigações, datas, e cláusulas de rescisão. O documento é assinado e, muitas vezes, reconhecido em cartório (reconhecimento de firma), mas sem o registro legal do bem.
Um exemplo típico ocorre com imóveis financiados pela Caixa Econômica. O comprador original repassa o apartamento a outra pessoa, que assume os pagamentos do financiamento, sem que o banco seja informado. Isso cria um vínculo informal entre os dois particulares, enquanto o banco continua vendo o primeiro comprador como o responsável legal.
Modalidades Mais Comuns (Imóveis, Veículos, etc.)
As duas áreas onde mais se utilizam contratos de gaveta são:
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Imóveis:
A transação é feita entre o proprietário de um imóvel e um comprador, sem o registro em cartório. Isso é comum quando o imóvel ainda está sendo financiado e a transferência é feita de forma informal para outra pessoa. -
Veículos:
Também acontece bastante quando o proprietário vende um carro, mas o comprador não transfere o documento no Detran. O contrato de gaveta serve como garantia entre as partes de que houve uma negociação, mas legalmente o carro ainda pertence ao antigo dono. -
Empresas e sociedades:
Em casos mais complexos, contratos de gaveta podem ser utilizados para “vendas” de cotas de empresas ou acordos de sociedade, geralmente sem alterar o quadro social oficialmente nos registros da Junta Comercial.
Diferenças Entre Contrato de Gaveta e Contrato Formalizado em Cartório
A diferença principal entre o contrato de gaveta e o contrato formalizado em cartório está na validação jurídica e segurança. Um contrato registrado em cartório (e, no caso de imóveis, também no cartório de registro de imóveis) tem fé pública. Isso significa que ele é reconhecido oficialmente, sendo válido contra terceiros e protegendo o comprador legalmente.
Já o contrato de gaveta, por não ter esse reconhecimento, não garante o direito de propriedade perante terceiros. Por exemplo, se o vendedor resolve vender o bem para outra pessoa, e essa segunda venda for registrada, o comprador original do contrato de gaveta pode acabar perdendo o bem mesmo tendo pago por ele.
Além disso, no contrato formal, os impostos (como ITBI em imóveis) são recolhidos, e as informações são repassadas a órgãos competentes. Isso traz transparência e segurança para ambas as partes. Já no contrato de gaveta, o objetivo muitas vezes é justamente evitar esses custos, o que compromete sua validade em diversas situações.
Riscos Envolvidos em um Contrato de Gaveta
Falta de Segurança Jurídica
Um dos maiores problemas do contrato de gaveta é a completa ausência de segurança jurídica. Isso significa que, mesmo que o comprador tenha pago pelo bem, ele pode perder tudo caso haja um imprevisto ou má-fé da outra parte. E sabe o pior? O sistema legal pode não conseguir protegê-lo adequadamente.
Por exemplo, no caso de um imóvel, se o vendedor resolver vender a mesma propriedade para outra pessoa e essa nova venda for registrada corretamente em cartório, a lei tende a favorecer quem registrou primeiro. Ou seja, mesmo com um contrato informal, o primeiro comprador pode ser totalmente prejudicado.
Outro ponto crucial é a impossibilidade de comprovar oficialmente a propriedade em situações comuns do dia a dia, como solicitação de financiamento, seguro, ou até partilhas de herança. O contrato de gaveta, por estar “invisível” ao sistema, não oferece respaldo legal suficiente.
Sem contar o risco de o bem estar envolvido em processos judiciais, penhoras ou heranças, o que torna a posse ainda mais vulnerável. É como construir uma casa em terreno emprestado: parece seguro no começo, mas basta um problema para tudo desmoronar.
Perda de Direitos Sobre o Bem Negociado
Quando falamos em contrato de gaveta, estamos falando de uma posse que não é oficialmente reconhecida. Isso pode gerar a perda total do direito ao bem. Por quê? Porque na prática, quem consta como proprietário nos registros oficiais é quem detém a titularidade de fato.
Mesmo que o comprador more no imóvel, use o carro ou administre a empresa, se o nome dele não estiver vinculado formalmente ao bem, ele pode ser facilmente lesado. E pior: a justiça pode não conseguir resolver isso a tempo, ou nem reconhecer a posse, caso falte documentação suficiente.
Esse risco é ainda maior em casos de falecimento do vendedor. Se os herdeiros não reconhecem o contrato de gaveta, podem se recusar a cumprir qualquer acordo, e o comprador se vê obrigado a enfrentar longas disputas judiciais – isso se conseguir provar algo.
Além disso, o comprador não poderá vender o bem para outra pessoa de maneira legal, nem usá-lo como garantia em empréstimos. Ele fica, literalmente, “com a corda no pescoço”, com um bem que não pode usar livremente e do qual pode ser despejado a qualquer momento.
Dificuldades em Caso de Disputa Judicial
Entrar com uma ação na justiça para fazer valer um contrato de gaveta é como tentar correr uma maratona de muletas. É possível? Sim. Mas exige tempo, dinheiro, e muita paciência. E, claro, um bom advogado.
Isso acontece porque o contrato de gaveta não tem fé pública. Ou seja, o juiz precisa analisar se existem provas suficientes de que a negociação aconteceu de fato e de forma legítima. A simples existência do contrato assinado não garante automaticamente a vitória no processo.
Além disso, cada juiz pode interpretar a situação de forma diferente. Em algumas regiões, há mais abertura para aceitar esse tipo de contrato; em outras, os tribunais são mais rígidos. Isso torna o resultado imprevisível.
Sem contar que, se o bem já tiver sido transferido para outra pessoa, com registro formal, a disputa se complica ainda mais. O princípio do “terceiro de boa-fé” pode prevalecer, e a justiça decidir que o bem fica com quem registrou primeiro – mesmo que o comprador original tenha provas do pagamento.
Vantagens e Desvantagens do Contrato de Gaveta
Por que Algumas Pessoas Optam por Esse Tipo de Acordo?
Apesar de todos os riscos, ainda existem muitas pessoas que optam pelo contrato de gaveta. E os motivos geralmente estão ligados a facilidade, custo e urgência. Em muitos casos, a pessoa precisa vender ou comprar rapidamente e quer evitar toda a burocracia envolvida nos registros formais.
Outro fator comum é a falta de crédito. Muita gente que está com nome sujo ou não consegue financiamento opta por esse tipo de contrato para adquirir um imóvel ou veículo por meio de terceiros, que assumem o financiamento oficialmente enquanto o comprador paga “por fora”.
Em certos contextos, o contrato de gaveta também é usado como forma de garantir a posse de bens que ainda não foram quitados, como imóveis em construção ou veículos alienados. A pessoa que quer se desfazer do bem encontra nesse contrato uma forma de se livrar do compromisso sem precisar encerrar o financiamento com a instituição financeira.
Mas atenção: essa prática quase sempre é feita às pressas, sem consultar advogados ou estudar as consequências legais. O que parece uma solução fácil no início pode se tornar um verdadeiro pesadelo jurídico no futuro.
Principais Prejuízos em Caso de Problemas
Quando um contrato de gaveta dá errado, o prejuízo pode ser enorme – tanto financeiro quanto emocional. Imagine pagar anos por um imóvel, investir em reformas, mobília, taxas, e descobrir que o bem foi vendido novamente por outra pessoa. Ou então perceber que ele foi penhorado por dívidas do antigo dono.
Além disso, como o contrato não tem respaldo legal forte, as chances de recuperação do investimento são baixas. Mesmo com advogado e processo judicial, pode levar anos até uma decisão definitiva – e ainda assim, não há garantia de sucesso.
Outro problema é que, enquanto isso tudo acontece, o comprador fica com um bem que não pode usar plenamente. Ele não consegue vender, alugar com segurança, usar como garantia ou deixar como herança. Fica como um “refém” da situação.
O custo emocional também é grande. Brigas familiares, conflitos com vizinhos ou outros compradores, perda de tempo com audiências, e aquele sentimento de impotência por ter feito tudo certo (pagou certinho, cuidou do bem) e ainda assim estar em risco.
É Legal Usar um Contrato de Gaveta no Brasil?
O Que Diz a Legislação Brasileira
O contrato de gaveta, por mais informal que seja, não é proibido por lei no Brasil. Isso quer dizer que as partes podem assinar esse tipo de documento sem, necessariamente, cometer um crime. No entanto, o fato de não ser ilegal não significa que ele seja plenamente legalizado ou protegido por todos os meios jurídicos.
A legislação brasileira permite que as pessoas façam acordos privados – isso faz parte da liberdade contratual prevista no Código Civil. Mas o grande problema é a ausência de publicidade e registro formal do bem. Por exemplo, no caso de imóveis, o artigo 1.245 do Código Civil é claro: a propriedade só é transferida efetivamente com o registro no cartório de registro de imóveis.
Então, ainda que o contrato de gaveta seja válido entre as partes, ele não garante direitos perante terceiros, instituições financeiras ou órgãos públicos. Se o vendedor, por exemplo, tiver dívidas trabalhistas ou tributárias, o bem pode ser penhorado mesmo estando “vendido” por contrato de gaveta.
Portanto, a legalidade é relativa: o contrato em si pode até ser aceito como prova de um acordo, mas não confere automaticamente o direito de propriedade. Ele existe, mas com eficácia limitada.
Reconhecimento em Juízo: Quando é Possível?
Apesar de suas limitações, o contrato de gaveta pode, sim, ser reconhecido judicialmente – desde que existam provas consistentes da transação. Isso inclui comprovantes de pagamento, testemunhas, conversas por escrito, e qualquer outro documento que comprove a intenção das partes.
A jurisprudência brasileira já reconheceu, em diversos casos, a validade de contratos de gaveta quando ficou claro que houve má-fé ou tentativa de lesar o comprador. Nestes casos, o juiz pode determinar que o contrato seja cumprido, ou mesmo que o bem seja transferido judicialmente.
Mas atenção: esse é um processo demorado e incerto. O comprador precisa estar muito bem assessorado juridicamente, apresentar provas robustas e torcer para que o juiz entenda a situação como válida. Em muitos casos, o ônus da prova é todo do comprador.
Além disso, se o bem já foi alienado ou transferido para um terceiro de boa-fé, as chances de sucesso diminuem drasticamente. A justiça brasileira protege o terceiro que agiu com base em um registro público, e o contrato de gaveta, por definição, não oferece essa segurança.
Conclusão
O contrato de gaveta pode parecer, à primeira vista, uma solução prática e econômica para fechar negócios rápidos, evitar burocracias e escapar de taxas e impostos. No entanto, essa “economia” inicial pode sair muito cara no longo prazo. A falta de segurança jurídica, os riscos de perda total do bem, e as dificuldades para reconhecer o contrato em juízo são armadilhas comuns que afetam milhares de brasileiros todos os anos.
Por isso, antes de assinar qualquer contrato de gaveta, é essencial buscar orientação jurídica, entender as consequências e avaliar se o risco realmente compensa. Em muitos casos, pagar as taxas e seguir o caminho legal é a única forma de garantir a tranquilidade e o direito pleno sobre aquilo que é seu por merecimento e esforço.
Lembre-se: quando se trata de patrimônio, informalidade pode ser sinônimo de instabilidade. Prefira sempre a segurança da formalização. E se já estiver em um contrato de gaveta, procure um advogado e avalie as formas de regularizar a situação o quanto antes.
FAQs – Perguntas Frequentes
1. Contrato de gaveta é crime?
Não, não é crime. Mas ele não garante todos os direitos legais do comprador. Pode trazer riscos sérios se não for bem estruturado e documentado.
2. Posso registrar um contrato de gaveta depois?
Em alguns casos, sim. Com a quitação do imóvel, por exemplo, é possível regularizar a situação junto ao cartório. Mas é importante consultar um advogado para saber se há impedimentos.
3. Como posso provar que tenho um contrato de gaveta válido?
Com documentos como recibos de pagamento, conversas por escrito, testemunhas e o próprio contrato assinado. Quanto mais provas, melhor.
4. O que acontece se o vendedor morrer?
Se não houver registro oficial, o bem entra no inventário e os herdeiros podem contestar a posse do comprador. A situação se complica bastante nesses casos.
5. Um contrato de gaveta pode ser anulado?
Sim, especialmente se houver indícios de vício de vontade, fraude ou má-fé. Também pode ser ignorado se outra venda for registrada formalmente antes.
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